
Olhos vazados
Cegos sem ver
Fitando o vazio
Do seu viver.
Lábios rubros
Selados e rachados
Relegado ao descaso
Do não ter.
Nas lembranças
Apenas os ósculos
Que foram dados
Na boca virgem.
No entanto
Nunca penetrados
Pela língua afoita
Do cavaleiro.
Vivendo a vida
Fragmentada
Tal qual paredes trincadas
Que enfeiam as favelas.
Na eterna desilusão do ser
Perde-se no viver
Sem no entanto
Nunca ter de fato
O ter e o ser.
Havendo apenas
Cacos de existências
Que espalhados pelo solo
Reluz feito jóia.
Que enfeitam o busto da prima dona,
Em noite de opera
Que procura no refugo
A fuga dos seus dias.
Inerte no último supiro
Perdida na rigidez envolvente
Da foice do amante
Que silenciosamente agoniza
No derradeiro estertor do orgasmo mortal.
By Mônica.
Um comentário:
Mônica nossa amei todos,mas esse poema agonizando foi o que mais me tocou.
Parabéns arrasou.
Bjs Rose
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