segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Conto de fadas para adultos!

A princesa míope.

Era uma vez...
Num reino longíquo cercado de belos bosques e de belas plantações, morava uma princesa que não era bonita e nem feia, que queria muito conhecer outros lugares e aprender novos conhecimentos, mas o que realmente a moiçola almejava era encontrar um príncipe encantado e casar-se com ele.
Esse desejo era tão intenso que chegava a ser absurdo, pois antes mesmo dela aprender a ler, já ansiava pelo tal cavalheiro.
-Analisando racionalmente e cientificamente a situação, acredito e atribuo que esse desejo exacebado pelo príncipe encantado deve ser genético, está intimamente entranhado no cromossomo XX, mas voltando ao nosso conto!.
O tempo foi passando, os seios foram crescendo, os pêlos pubianos apareceram, surgiu a primeira menstruação e nada de aparecer o tal do Sir.
Ela estava frequentando os saraus, quando surgiu o tal encantado quase desencantado, coitadinha da Damisela, o dito era apenas um projeto de girino que pulou no seu canteiro.
Passaram os anos, os seios ficaram maiores, mais acnes, mais cólicas e menstruações cavalares, haja toalhinhas higiênicas reais para conter tanta saúde.
Eis que numa noite fria de junho, repentinamente, ela avistou a um garboso e charmoso príncipe, ele estava envolto de uma aura de encanto.
-Encanto! Acredito que está mais para bruxaria! Visto que amarrou e prendeu os olhos da nobre dama no galanteador cavalheiro.
E a partir desse dia todos os semilivres e servos estavam vendo a jovem dama, acompanhada pelo seu pretendente.
Entre volteios, arrulho e muita... mas... muita conversa fiada, o real casou iniciou o colóquio amoroso.
-Claro que para mim, uma senhora já passada da era balzaquiana, esse colóquio estava mais para monologo da nossa lady. Onde realmente estávamos?
-Ah! Entre promessas ( mais dela do que dele), mil juras e muitas apalpadas no pé da escadaria da torre norte, o relacionamento foi aprofundando-se, sem no entanto a lady se dá conta que o príncipe só era príncipe, porque ela o via assim.
Então houve as bodas, foi gloriosa, pois toda nobreza foi convidada, foram festim após festim, regado com o famoso vinho da Normandia.
Os saltimbancos caprichavam e as caçadas nos bosques foram monumentais.
As festas acabaram, os anos se passaram, os filhos vieram, as desavenças, traições, os temores, as desilusões e as angustias se fizeram presente nesse Reino.
No entanto, a Damisela ainda estava crente e esperançosa que um dia o príncipe se transformasse em Rei, ela ainda conseguia ver as estrelas através dos seus beijos, acreditava que o mundo era quadrado e que o sol movia ao redor da terra.
Outros tantos anos se passaram, quilos a mais lhe engrossavam a cintura fazendo-lhe companhia junto com os filhos.
Quando numa fria manhã de inverno, a princesa se viu arrodeada e entulhada de roupas de baixo sujas, botas masculinas jogadas pelo grande salão, pratos e panelas sujas amontoadas pelos quatro cantos da fortaleza, calhamaço de contas a serem pagas, amontoados de cacos de seus sonhos jogados pelos chão, a educação dos filhos, solidão... cansaço.. e surtou!
Esse bendito surto significou a cura da miopia principesca. - para mim, cegueira real! Quem sabe?
Permitindo que ela enxergasse que: O príncipe ao invés de possuir uma elegante e grande mão, eis que tinha uma asquerosa pata de anuro, exalava um repugnante odor fétido, pele esverdeada, de personalidade controladora, sádica e folgado.
Aos poucos a princesa descobriu todas essas facetas do seu real conjugue, o garboso cavaleiro era na realidade um horroroso sapo disfarçado em príncipe, além de tudo isso, o tipo era perigoso, pois trazia preso em seu cinto um saco de bombas que estavam sempre preste a explodir.
Foi nesse mágico momento de desencanto, que a princesa mergulhou na realidade e enxotou o sapo do seu castelo.
A partir desse momento, a soberana iniciou a reconstrução da sua fortaleza, reforçou as ameias com cobras comedoras de sapo embusteiro e mandou secar o fosso. Centralizou o poder da monarquia, confiscou os bens da igreja, fechou os monastérios e contratou guerreiros mercenários para protegê-la.
Eram guerreiros altos, com mãos, pés e ombros enormes, verdadeiras montanhas de músculo e testosterona.
No entanto, só havia um porém, quem iria protegê-los da própria Rainha?
Ela viveu muitos anos, muito feliz, seu Reino prosperou e batalhava constantemente com os seus guerreiros mercenários. Eram guerras de bolhas de sabão na banheira, guerras de vinho, de beijos e de tantas outras.


By: Mônica Vasconcelos.

Nenhum comentário: