quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Phátos!

Em um canto qualquer do mundo, em uma cidade qualquer. A noite se retirava lentamente, enquanto a madrugada avançava e se esgotava. O tempo já não se arrastava preguiçosamente mas acelerava, visto que o mundo acordava.
Os passarinhos cantavam e aurora despontava no horizonte deflorando o céu com os seus raios rubros, comemorando mais um amanhecer.
Enrodilhada e jogada em um canto qualquer do dormitório, uma boneca de porcelana se encontra. Com suas vestes coloridas amarrotadas e espalhadas ao seu redor. Fitando o infinito através das suas pupilas sem vida e sem cor.
Lágrimas salpicam a tez marmórea, escorrendo face abaixo deixando um rastro de sangue e riscos pretos, resquício do rímel e do cajal diluídos na tormenta das dores.
No tórax aberto, o coração estraçalhado e rasgado pulsa lentamente entre soluços e gritos contidos das sensações de agonia que lhe corta o corpo ao meio.
Mal esse, que entranhado profundamente em suas vísceras lhe estraçalha, massacrando o seu pobre coração e sua atormentada alma.
Já sem forças para chorar ou para soluçar, ou mesmo para sentir, entrega-se ao estupor da dor, numa diurna sinfonia regada de sangue, dores, cores e amores perdidos.
Entregue aos seus males se encontra perdida entre os gorjeios e raios solares que adentram no recinto ao amanhecer.



by: Mônica Vasconcelos

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